Ik mis Nederland

sábado, 18 de outubro de 2014

Hoje faz um mês desde que eu deixei a Holanda, um mês sem as minhas meninas, sem os hosts mais incríveis do mundo, sem escutar constantemente o holandês, sem a minha bike, sem os trens, sem Amsterdam... Um mês de saudades. Mas também um mês no qual eu matei outras saudades... Saudades do Brasil, da família, dos amigos, do Tobby, da comida mais deliciosa do mundo.

Voltar não é fácil... Na verdade, é bem mais difícil do que eu imaginei. Voltar é um mergulho no escuro e requer coragem. Eu ainda não sei bem o que fazer, qual o próximo passo a dar. Na Holanda essa parte era tão fácil, por maior que fosse a correria com as meninas durante o dia, eu sabia exatamente o que fazer em seguida. Eu sabia também que no final do mês ia arrumar as malas e explorar novos horizontes.

Agora, estou aprendendo a lidar com esse sentimento de perda, aprendendo a me achar de novo... Por mais que eu tenha voltado para algo já conhecido, ainda assim requer adaptação. Seja ao clima quente e seco, e até a dinâmica da casa que sempre foi minha. "Mãe, cadê as toalhas?", "Cadê os guardanapos?", "Qual o número da casa da minha madrinha?"

Eu voltei bem mais perdida do que estava quando fui para a Holanda. Mas tudo bem, porque isso mostra que eu estou fora da minha zona de conforto novamente. O que é muito bom, pois assim eu não vou sossegar até achar um novo caminho. Um caminho que me faça tão feliz quanto a Holanda me fez.

Ps: não posso afirmar com certeza se esse será ou não o último texto desse blog... Afinal de contas a experiência que eu tive na Holanda ainda está tão viva em mim, que eu sinto que em algum ponto talvez tenha algo mais para ser dito aqui. Esse intercâmbio deixou marcas e vai ficar pra sempre dentro do meu coração. Sou extremamente agradecida por tudo o que vivi lá, pelos sonhos realizados, as pessoas que conheci (principalmente pela host family que eu tenho), tudo o que eu aprendi... Acho que no fundo no fundo, esse ano laranja não vai acabar nunca. Então, já que é só uma questão de tempo até que essa 'holandesidade' toda aflore em mim de novo, só o que eu posso dizer é: Tot de volgende keer.


read more»
2 comentários

Ik ben bijna klaar

quarta-feira, 3 de setembro de 2014
Duas semanas. Esse é o tempo que me resta nessa terra laranja... É meio estranho pensar nisso quando, na minha cabeça, parece que foi ontem que eu completei duas semanas de Holanda e tive a primeira crise de homesick. O tempo passou, mas certas coisas não mudaram, a crise de homesick continua só que dessa vez é do lar que eu criei aqui na Holanda.

Decidi que nesses últimos 14 dias eu não vou piscar, vou tentar viver cada segundo da forma mais intensa possível. Enrolar a língua com cada palavra em holandês, pedalar, tomar café da manhã na Hema, saborear cada stroopwafel como se tudo fosse pela última vez. Quero prestar bastante atenção nos sons a minha volta, porque sei que eles vão fazer falta. Seja o apito do tram, das bikes, os anúncios dos trens, a risada das minhas meninas... Enfim, gravar dentro de mim toda a 'holandesidade' que eu puder. Um país, uma cultura, uma língua que há pouco tempo me pareciam tão estranhos e hoje me fazem sentir em casa.

A verdade é que eu poderia passar mais uma eternidade falando sobre os meus planos para essas duas semanas, mas eu ainda tenho tanto para atualizar nesse blog... Sim, eu sou uma eterna enrolada e tenho pelo menos 5 coisas que preciso contar aqui no blog e até hoje não fiz...

Como vai demorar um século se tudo for escrito em detalhes e eu, infelizmente, não tenho mais "todo o tempo do mundo" no meu intercâmbio, eu vou resumir.

1 - O melhor host do mundo me levou para um tour na Holanda! O Gert estava tão animado que fez apresentação de Power Point e o passeio até ganhou nome: Holland in Two Days! Na verdade, o segundo dia vai acontecer nesse final de semana e iremos visitar o norte do país. Já no primeiro dia visitamos mais o sul, como Maastricht, a tríplice fronteira e até duas cidadezinhas lindas na Alemanha e Bélgica!

Tríplice Fronteira - Julho/14

2 - Eu conheci Berlim! Acho que nunca vi um lugar tão novo com uma história tão antiga... Devo dizer que essa não foi a minha cidade favorita, mas o meu coração bateu mais acelerado quando vi o famoso muro de Berlim. Clichê, eu sei, mas fazer o quê... Ah! Berlim também será eternamente lembrada como a primeira vez que eu perdi um avião e tive que dormir no aeroporto. Logicamente eu chorei horrores, mas agora, felizmente, virou uma história legal de se contar!

Berlim - Junho/14

3 - Eu já mencionei que tenho a melhor Host Family do mundo?? Eles me levaram para conhecer a charmosa cidade de Bruges, na Bélgica. Eu estava louca para ir lá, mas estava meio sem grana e sem companhia. Os lindos não só me levaram, como ainda me ensinaram várias coisas sobre a cidade e a Bélgica no geral. Companhia melhor não há!

Bruges - Julho/14

4 - O meu aniversário foi um dos dias mais lindos que eu vivi aqui na Holanda. Comecei o dia com um café da manhã super especial preparado pela família e no final do dia, pude comemorar a data com as pessoas que fizeram o meu intercâmbio muito mais feliz e cheio de significado. O maior presente que eu ganhei com certeza foram eles!

Huizen - Agosto/14

5 - As tão esperadas férias! Viajei para três países: Itália, Espanha e Portugal.

5.1 - Roma: Nada no mundo vai ser suficiente para descrever quão perfeita Roma é. O Coliseu foi o meu lugar favorito e poder compartilhar o momento com pessoas tão incríveis, como a Amanda, a Thaís e o Jorge, foi a cereja no topo do bolo!

Roma - Julho/14

5.2 - Florença é linda, mas o ponto alto da cidade foi um sorvete de lavanda que eu tomei lá. Sério, acho que nenhum sorvete no mundo se compara! Verona foi um sonho realizado! E lá vem outro clichê: a casa de Julieta foi o meu ponto turístico favorito. É puro amor!

Florença e Verona - Julho/14


5.3 - Barcelona foi como Berlim, legal, mas não é uma das minhas cidades favoritas. É cara e acho que coloquei as minhas expectativas altas demais, acabei me decepcionando.

Barcelona - Julho/14

5.4 - Lisboa é vida!! Você se sente andando nas ruas de várias cidadezinhas de Minas Gerais, você entende tudo o que as pessoas a sua volta estão falando (por motivos óbvios) e a comida é maravilhosa!! Comer pudim de leite depois de tantos meses é quase que estar no Paraíso! De quebra, ainda conseguimos conhecer uma cidadezinha chamada Sintra, ponto turístico de Portugal e super charmosa!

Lisboa e Sintra - Julho/14


Ok, essa foi provavelmente a postagem mais resumida de todos os tempos, mas eu estou quase sempre sem tempo, correndo com as kids e com as atividades do dia. Então era agora ou nunca.
read more»
2 comentários

41

quarta-feira, 6 de agosto de 2014
Eu vivo de mudanças de humor, crises de riso e choros desconsolados ultimamente. É claro que eu sempre tive um pouco de tudo isso na minha vida, afinal, essa sou bem eu mesma, mas sempre aconteceu de forma menos intensa, eu acho.

Só que agora que a noção do tempo mudou, agora que eu me vejo tendo que viver toda uma vida (a de intercambista) em um ano, as mudanças de humor ocorrem mais rapidamente. A cada novidade, zilhões de sentimentos me sufocam, brigando por espaço dentro do meu peito e eu vou à loucura. Daí eu analiso os fatos, eventualmente aceito, me adapto, a crise passa e eu espero pela próxima fase.

Comecei a perceber isso em mim quando tive que escolher se ia ficar mais 4 meses aqui. Primeiro achei que sim, depois sofri para me decidir que não. Piorou quando tive que contar para os meus hosts sobre o não. A vida, então, me deu o prazo de aceitação e adaptação, que acabou tão logo a Mijke e o Gert começaram a procurar pela próxima aupair.

Crise. Reflexão. Aceitação. Adaptação. Essas são as minhas 4 fases, o meu ciclo de vida no intercâmbio. Me adaptei à procura e agora me adapto à escolha deles (essa parte nem foi tão difícil). Vou deixando a ideia da minha futura, porém dolorosamente próxima, ausência tomar conta de mim e a crise vem... Está acontecendo enquanto escrevo o texto. Aqui e agora. Em 41 dias eu vou voltar para o Brasil.

Em 41 dias o meu quarto vai ser de um outro alguém. A chave, a bike, a família, a vida, as meninas...

Eu sempre quis voltar para o Brasil. O plano nunca foi ficar aqui até o final da minha vida. Então, por que dói tanto? Mas aí percebo, o plano foi feito antes da minha vinda para a Holanda. Antes de ver, e saber, e sentir a mudança que ocorreu em mim.

São detalhes pequenos. Hoje mesmo me dei conta do tanto de privacidade que tenho aqui no meu quarto e que nunca tive no Brasil. Lá a casa sempre foi pequena, o quarto compartilhado (e eu não reclamo disso), mas ter tido toda essa privacidade aqui e saber que não a terei no Brasil, incomoda um pouquinho. A privacidade é uma coisa nova e eu descobri que gosto dela.

As viagens... Aqui eu viajo com uma frequência absurda, o que em Goiânia para mim não é fácil. E eu sei que deveria ter mantido na mente que isso tudo só duraria um ano, que eu voltaria para o meu país e tudo estaria como eu deixei. Mas isso não é verdade. As coisas mudam e eu mudei também. Acho que perdi essa ideia de que teria que me acostumar com o ritmo lento de viagens no Brasil, no momento em que corri na direção da Torre Eiffel...

É claro que eu já suspeitava, mas aqui na Europa veio a certeza: eu amo viajar! Nasci para isso! Então assusta e machuca um pouco pensar que vou ter que desacelerar quando voltar para casa. Não é que não me faça feliz voltar... Só que agora a volta significa mergulhar no escuro. Porque antes eu tinha todo um plano de vida e agora ele sumiu. Eu não sei nem por onde começar quando voltar.

Fiquei tão entretida realizando os meus sonhos, que esqueci que esse era o combinado ao final dos 12 meses. Talvez, se eu tiver sorte, eu me reencontre no tempo que me resta aqui. Me conecte novamente com a vida pré-intercâmbio e as coisas vão ser mais fáceis. Só que aí vem outro porém: eu não sei se quero que tudo volte a ser como antes só porque é mais fácil.

Afinal, a minha vida de intercambista aconteceu. E pode não ter sido uma vida TODA, pode ser (e é provável), que essa vida de intercambista seja apenas mais uma das milhões de vidas que eu estou destinada a ter no decorrer da minha vida. Mas ela aconteceu. Chegou, me marcou, me mudou e eu não vou, e não posso, e não quero mudá-la ou apagá-la.

Então eu vivo a crise, reflito, aceito e me adapto. Aos poucos tudo se encaixa, mesmo eu sabendo que não sei de nada para depois do momento em que o avião pousar. Só espero não me decepcionar com as minhas escolhas. Sei que isso pode acontecer, mas eu torço para que essa seja mais uma decisão tomada que vai ser colocada na lista de acertos. O medo maior é o de decepcionar as pessoas que eu amo. Especialmente a minha família holandesa. Mas eu não consigo evitar o sentimento de que isso está acontecendo.

Sei que o que vivi aqui ninguém me tira. Torço para que seja assim com a minha host family também. Quero saber que eles vão se lembrar de mim com o mesmo carinho com o qual eu vou me lembrar deles. A primeira vez que a Liv disse "eu te amo" foi para mim. Um momento tão marcante como esse não pode ser esquecido pelos que estão envolvidos nele, certo??

A crise veio, eu refleti, aceitei e agora, não há nada que eu possa fazer a não ser esperar pela adaptação. Enquanto isso não acontece, vou tentando distrair a minha mente. Fingir que não sei sobre o café da manhã surpresa que me aguarda em algumas horas, pelo meu aniversário. Aproveitar o churrasco que os meus hosts estão preparando para celebrar mais um ano da minha vida. Compartilhar esse momento com as pessoas que eu aprendi a amar. Ganhar mais memórias para levar comigo no coração, não importando o destino final.

Holanda - Agosto/14
read more»
2 comentários

Kingsday, Mallorca e a reta final

segunda-feira, 30 de junho de 2014
No nono mês de Holanda, eu posso dizer que já virou hábito demorar séculos para postar as coisas... Sejam fotos no Facebook ou textos aqui. Mas o que eu posso fazer se sou a personificação da preguiça? Ou pelo menos tenho sido quando o assunto é esse... Porém, existe um ditado que diz: "antes tarde do que nunca" e eu estou fazendo dele o meu lema.

Esse post então será dedicado a minha viagem para Palma de Mallorca, o Kingsday e a decisão que vinha me atormentando nos últimos meses, estender o intercâmbio ou não. Para facilitar tudo, vou seguir a ordem cronológica dos fatos.

Kingsday - Na tradução: Dia do Rei, é celebrado na Holanda no dia 26 de abril (sim, abril, você leu certo! Já falei que sou preguiçosa e nesse sentido, pontualidade não é o meu forte). Até o ano passado, os holandeses celebravam o Queens Day, mas no dia 30 de abril de 2013, a Rainha Beatrix passou a coroa à seu filho Willem-Alexander. No Dia do Rei, todos na Holanda se vestem com roupas alaranjadas, saem as ruas para celebrar o seu rei. Em vários pontos das cidades holandesas acontecem shows e paradas. Nessa data, eles também tem uma outra tradição bem legal de fazer tipo uma 'venda de garagem' nas portas das casas. Tudo o que não é mais utilizado, mas está em boas condições, é vendido a preços menores pela população na porta de suas casas. Os meus hosts, por exemplo, venderam alguns livros e brinquedos das crianças.

Como esse foi o primeiro e, provavelmente, último Kingsday que vou presenciar, eu decidi ir com algumas amigas para Amsterdã. Mesmo sendo o tipo de pessoa que detesta locais lotados e bagunça, eu não poderia perder esse evento tão importante para a cultura dutch. E vou dizer, eu adorei! É claro que a cidade estava lotada, nós tivemos que andar demais, porque nenhum transporte público estava funcionando no centro de Amsterdã naquele dia, as filas para usar os banheiros estavam gigantescas e os preços de todas as bebidas e comidas altíssimos. Mas, a vibe que tomava conta da cidade era tão positiva e alegre, que me contagiou também. Passei um dia agradável, na companhia de pessoas queridas, na cidade que eu aprendi a amar e adicionei mais uma tradição dutch à minha lista. Não tinha como ser melhor!

Kingsday - Abril/14


Ok, vamos falar agora do lugar paradisíaco e incrivelmente maravilhoso que eu tive o prazer e sorte de conhecer em maio: Palma de Mallorca. Mallorca é uma ilha da Espanha, lindíssima e que vem chamando muito a atenção dos turistas. Por ter praias lindas, com aquele oceano maravilhoso de uns 30 tons de azul, ela tem sido considerada a nova Ibiza. Eu nunca planejei ir pra lá, devo admitir que nunca nem tinha ouvido falar daquele lugar. Mas uma das coisas boas que acontecem com a gente durante essas experiências incríveis de intercâmbio é que você sempre acaba viajando para pelo menos um destino que não estava na sua lista. Palma foi o meu!

Em dezembro, fiquei sabendo que a minha prima se mudaria para lá com o namorado e como eu já estava aqui na Holanda, não podia perder essa oportunidade. Na primeira folga prolongada que tive, lá estava eu em praias espanholas, curtindo o sol e, é claro, a companhia da Arianne. É um lugar que vale super à pena, as praias são lindas (como eu não me canso de repetir), as pessoas são gentis, a cidade é pitoresca e uma gracinha, as tapas (comida típica espanhola) são uma delícia e se você algum dia for para lá, faça o passeio de trem até Soller! É um vilarejo que fica há uma hora de trem de Palma, muito lindo, tranquilo e com praias e parques mais lindos ainda!

Palma de Mallorca - Maio/14


Por último, mas não menos importante, vou falar agora da decisão mais importante do meu ano de aupair. Com dor no coração e uma certa dificuldade para aceitar o que eu escolhi, eu decidi que não vou prolongar a minha estada na Holanda. Não foi uma decisão fácil e ainda é difícil de aceitar, de certa forma. Mas, eu não tenho nenhuma outra 'desculpa' para dar senão a de que o meu coração me diz para voltar para Goiânia em setembro.

Eu tentei mudar a escolha do meu coração, dei um tempo para mim mesma, pensei, ponderei, chorei e não adiantou. Contar para os meus hosts foi, definitivamente, mais difícil do que 'contar' para mim mesma. Eu fico com esse sentimento de que estou decepcionando as pessoas que me acolheram na casa deles, que abriram todas as portas para mim e me deram todo o apoio que eu poderia precisar. Como eles são os melhores hosts do mundo, entenderam a minha decisão, por mais que eu mesma ainda não tenha entendido exatamente.

Talvez não faça sentido para todo mundo, Deus sabe que nem eu mesma me entendo cem por cento. Não decidi voltar porque estou infeliz aqui... Não! Mas decidi voltar porque amo a minha vida no Brasil e acho que no fundo, no fundo, estou preparada para a próxima etapa. Por mais que eu ainda não tenha ideia de qual seja.

A minha cabeça ainda tem dificuldade para aceitar... Fico repetindo para mim mesma: são só mais quatro meses! Por quê não? Mas mesmo assistindo os meus hosts procurarem pela nova aupair e sentindo aquela dor incômoda de saber que, de certa forma, serei substituída, que terei de entregar o meu quarto, a minha bike, a minha chave, as minhas meninas, a minha família para um outro alguém, ainda assim, não mudo de ideia. E vamos ser honestos, se fosse para eu ficar mais quatro meses, se eu quisesse isso de alguma forma mais forte, ver a seleção da nova aupair e sentir a dor que eu estou sentindo, seriam razões suficientes para aceitar os quatro meses a mais.

Isso não aconteceu e acho que nem vai. Infelizmente. :/


read more»
3 comentários

Budapeste, Edimburgo e Anne Frank

terça-feira, 29 de abril de 2014
Não vou mentir... Tem sido bem difícil atualizar esse blog.Tenho sempre tanta coisa pra fazer com a Kiki e a Liv, passo um bom tempo planejando as próximas viagens, me deliciando e sofrendo com o tempo ao mesmo tempo, que as vezes passa rápido, as vezes não. E, é claro, tem sempre a velha e boa preguiça, que não toma vergonha na cara.

Mas eu notei que deixei de contar acontecimentos importantes, logo, enfrentei a preguiça e estou aqui escrevendo este post. Por exemplo, até hoje eu não postei sobre a minha viagem para Budapeste, que a propósito, aconteceu em fevereiro... E vamos e venhamos, um lugar tão fantástico como aquele precisa/merece ser eternizado aqui e no meu coração.

A capital húngara me surpreendeu demais! Devo confessar que só acabei naquelas terras, porque a Amanda (amiga da época de escola) está participando do Ciências sem Fronteiras lá. Ter um pedacinho de Goiânia e da minha vida pré-intercâmbio ali comigo (que era o que a Amanda estava representando naquele momento também), foi o primeiro motivo para ir.

Chegando lá, eu percebi que a arquitetura de Budapeste me lembrava demais a de Buenos Aires (ou a de Buenos Aires lembrava demais a de Budapeste, como a Amanda fazia questão de repetir). Achei, então, o meu segundo motivo para estar lá e amar aquela cidade. Buenos Aires foi a minha primeira viagem internacional, a primeira vez que viajei sozinha com amigas e paguei tudo com o meu próprio dinheiro. Foi especial demais e relembrar isso estando na capital húngara foi incrível.

Budapeste é da minha cor favorita... É amarela, é ouro, é clássica, cheia de vida e com um idioma mais difícil que o holandês (se é que isso é possível)! Daquele lugar, trago comigo as boas lembranças e as mais diferentes também... Pagar 1000 florins em um sanduíche, andar de tram na clandestinidade e com o coração na mão, sair da balada a meia noite, porque esse era o horário que acabava lá (acreditem se quiser), comer kebab de nutela, conhecer pessoas/lugares novos e compartilhar tudo com alguém que é muito especial para mim, a Amanda.

Budapeste - Fev/14


Outro acontecimento deixado de lado aqui no blog (até agora), foi a viagem feita com a Thaís para Edimburgo. Budapeste foi maravilhoso, mas essa viagem para a Escócia foi sensacional! Edimburgo é uma Hogwarts gigante, esculpida em pedra só para conquistar o meu coração a primeira vista! Se Budapeste é amarela, Paris vermelha, Londres cinza e Amsterdã alaranjada, Edimburgo é marrom-castelo e com as fachadas das lojas mais charmosas! Todas coloridinhas me lembrando demais o Beco Diagonal.

O Castelo de Edimburgo, enorme, imponente, encarapitado no alto de um penhasco... Achei Hogwarts mais uma vez! Dá pra entender como a J.K. teve tanta inspiração, até os becos mais simples eram de derreter o coração. Gaitas de foles tocando em cada esquina, era impossível não entrar no clima/universo Potteriano.
Poder visitar o café no qual a Rowling escreveu o primeiro livro da saga que acompanharia a minha infância e adolescência, e o hotel no qual ela escreveu o último livro, foram momentos inenarráveis e impagáveis! Ver o sobrenome Gibson eternizado na história escocesa, gravado em várias estátuas e listas... Era a cereja em cima do bolo para se sentir em casa.

Edimburgo é comer fish and chips no Princes Street Gardens, é enlouquecer na Poundland (loja onde tudo custa um Pound/Libra e, acredite, eles vendem muitas coisas legais e úteis), é achar um museu ao acaso, escondido em um bequinho. Por essas e outras, Edimburgo é agora, um dos meus locais favoritos no mundo!

Edimburgo - Março/14


Mas se vocês pensam que todos os fatos que merecem ser contados aconteceram apenas fora da Holanda, eis que eu apresento o último tópico/fato/acontecimento/história/sonho realizado desse post. Desde antes de chegar em terras holandesas, eu tenho vontade de visitar um local: O anexo secreto no qual Anne Frank, sua família e alguns amigos viveram escondidos por dois anos durante a 2ª Guerra Mundial. Há alguns finais de semana atrás eu tive a oportunidade de fazer isso.

Li o Diário de Anne Frank duas vezes, uma quando tinha 12 anos e a outra quando tinha 15/16. Quando li o diário, me parecia meio difícil visualizar 8 pessoas vivendo por dois anos em um espaço tão pequeno, sem poder sair, fazer barulho, sem comer direito, sofrendo com pulgas/piolhos... Visitar o anexo secreto não mudou isso... Continuo achando meio surreal que isso tenha acontecido. Sei que é verdade, mas o anexo é um local tão pequeno e escuro... Extremamente claustrofóbico.

Sai de lá completamente impressionada. É triste olhar no espelho do anexo e imaginar os seus 8 moradores se olhando ali todos os dias, sem saber quando poderiam sair, quando se sentiriam livres novamente, sem medo. É triste saber que existem outras milhões de Anne's, e Margot's, e Peter's que não voltaram para casa, que não tem um museu para lembrar o seu sofrimento. Ou o sofrimento dos outros milhões de Otto's, que sobreviveram a guerra, aos campos de concentração, para voltar para uma casa vazia, sabendo que sua família havia sido morta.

O pior de tudo é saber que esse sofrimento aconteceu por um motivo tão banal... Por serem judeus, ou ciganos, homossexuais, comunistas... Em suas memórias, Anne diz que gostaria que a sua voz fosse ouvida. E no final das contas, ela foi. Anne deixou um legado, falou por ela e por todos os outros que se encontravam na mesma situação. Mas é triste saber que ela não viveu para ver isso. Para ver a marca que deixou no mundo, impressa nas páginas de seu diário.

Amsterdã - Abril/14

read more»
2 comentários

Da metade

sexta-feira, 21 de março de 2014

Parece inacreditável, pelo menos para mim, que eu já esteja em terras holandesas há seis meses. Quando o primeiro mês passou ou o segundo, eu fiquei pensando: Nossa! Foi bem rápido... Mas ao mesmo tempo com aquela certeza de que só estava voando porque tudo era novidade e que no momento em que as coisas se tornassem rotina, o tempo passaria mais devagar.

Só que é claro que nada vira rotina num intercâmbio! Não exatamente, pelo menos... Porque, por mais que você tenha uma rotina diária: levar as kids na escola, brincar com as kids, separar brigas, etc, etc, ainda assim, acontecem dezenas de coisas diferentes ou até repetidas, mas que nunca cansam de te surpreender. E se o intercâmbio não vira rotina, significa que o tempo continua voando. Eis então que me encontro nessa fase, os seis meses. Metade de um ano se foi e já consigo avistar a outra metade se aproximando com aquele ar de "vou passar voando também"!

É uma sensação esquisita, devo dizer... Muita coisa boa tem me acontecido por aqui. As viagens, as amigas, as minhas meninas, os meus hosts... Eu não trocaria essa experiência por nada! Mas ao mesmo tempo, a gente passa por momentos difíceis estando longe da família. É uma escolha dura essa. Você sabe que te fará bem, mas só quem está longe, sabe o quanto é difícil se virar sozinha, não ter o colo de quem te conhece a vida toda...

No meu sexto mês, perdi uma das pessoas mais importantes da minha vida: o meu avô. Isso me fez considerar seriamente a possibilidade de voltar para o Brasil, porque no meu primeiro mês aqui eu perdi também a minha avó e, então, a gente fica com aquele medinho de que isso vire rotina, que no próximo mês seja outra pessoa querida que te deixe e você estará distante mais uma vez.

Com tudo o que aconteceu, essa última semana foi repleta de reflexão e vou falar sobre isso agora. Sobre o que cresci nesse tempo, o que conquistei, as próximas metas e claro, a minha opinião sobre certos comentários ouvidos e que me irritaram de certa forma...

Em primeiro lugar, os meus hosts me convidaram para estender o intercâmbio por mais quatro meses e devo dizer que eu estou completamente dividida por isso. Parte de mim é extremamente medrosa, então penso de tudo... Que outra pessoa pode falecer na minha família ou que a imigração me impeça de reentrar no país para passar mais quatro meses. Enfim, é um loucura e por isso a minha mente ansiosa e que adora sofrer por antecipação está tendo um prato cheio! A outra parte está louca para ficar e ver no que vai dar, criar mais memórias para levar comigo e ter a certeza que eu não vou embora daqui há seis meses.

Porque vou te contar, fazer seis meses de um intercâmbio é quase tão ruim quando a hora de voltar para casa! Você SABE que vai ter mais seis meses pela frente, mas está tão surpresa com quão rápido o tempo passou, que tem a certeza de que os próximos seis meses vão passar num piscar de olhos também e por isso, quando você se pega na metade do seu intercâmbio, você já está sofrendo com as futuras despedidas...

Ainda não me decidi sobre ficar mais tempo ou não, mas sinto que logo logo trarei notícias para vocês sobre isso...

No segundo lugar das minhas considerações pós seis meses, devo dizer que me sinto extremamente orgulhosa de mim mesma por me ver aqui e nessa fase. Eu sempre disse para todo mundo que quisesse ouvir que um dia iria fazer um intercâmbio e é legal, para variar, ver que eu consegui alcançar essa meta. Tive muito apoio da minha família, mas o maior esforço veio de mim! Não só o esforço para chegar até aqui, mas o esforço diário, a persistência e a perseverança, que são sempre necessários, de prosseguir com esse sonho. É gratificante e me traz muita felicidade, mas digo e repito: não é fácil!

Pode parecer muito glamouroso e perfeito para quem vê a minha vida através do Facebook. As viagens, os passeios, os sorrisos... E sim, o meu ano tem sido recheado dessas coisas, mas eu sinto nessa necessidade de fazer todo mundo entender que isso o que vocês veem pelo Facebook não é a única verdade dessa história! As viagens não são nem de longe a maior parte do meu ano! Quando se é uma aupair você passa 70% do ano cuidando de crianças e apenas 30% viajando. E não é que não valha a pena, afinal você cria laços com essas crianças e elas se tornam, de certa forma, suas! Mas todo dia é um desafio, elas são sua responsabilidade, você deve ser firme, mas carinhosa, saber mediar situações, aprender a se comunicar em outra língua (seja, holandês, inglês, uma mistura dos dois, mímica, etc)... Tem que ter paciência e se lembrar que tudo isso faz parte do pacote e que se não fosse por isso, você provavelmente não estaria fazendo um intercâmbio e tendo a oportunidade de conhecer o mundo, expandir horizontes e crescer horrores!

Em terceiro lugar, deixo aqui registrada o meu incômodo de ver que muita gente julgam os intercambistas como esnobes, só porque estamos sempre falando sobre as nossas viagens e coisas maravilhosas que vivemos nos países pelos quais passamos. Mas porque nós deveríamos deixar de falar dos nossos sonhos realizados? Do que nos faz bem? É chato ter que se privar de compartilhar esse sentimento de felicidade com todo mundo, porque certas pessoas vão te julgar mal.

De qualquer forma, esse post já se estendeu demais e eu nem sei se ainda estou fazendo algum sentido. Finalizo esse texto com as minhas metas (ainda não muito bem elaboradas) para os próximos seis meses: viajar mais, curtir mais, amar mais, sorrir mais, amadurecer mais e ligar o botão do foda-se (com o perdão da expressão), para quem merece!

Holanda - Março/14

read more»
3 comentários

Três vezes Natal e o amor eterno por Londres

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Há quatro meses eu cheguei em terras holandesas e vi o meu mundo virar de cabeça para baixo... Duas menininhas loirinhas traçaram um caminho para dentro do meu coração e eu nem me dei conta. Cada dia é uma aventura e também uma correria com elas. Muitas vezes a saudade de casa é maior do que a gente acredita que pode aguentar, mas então, com um sorriso ou com um Ik hou van jou (Eu te amo) ou Ik ben jouw baby (Eu sou o seu bebê) vindo delas, tudo passa a valer a pena.

Além de viver essa experiência linda com essas menininhas lindas e esse amor lindo que eu passei a sentir por elas, eu ainda posso desfrutar das viagens! Ahhhh as viagens! A correria é sempre muito grande, seja pra achar passagem num preço bom, ou uma hospedagem com boa localização ou até as companhias certas, mas as viagens sempre valem a pena! E no final do ano passado, eu tive a oportunidade de viajar pra um lugar há muito por mim desejado, eu tive a oportunidade de realizar um sonho antigo e especial: Londres!

Londres - Dez/13

Mas antes de começar a derramar os meus elogios sobre a melhor viagem de todas, vou fazer um resumo sobre o meu final de ano. Sério, resumo mesmo! 

O que eu posso dizer? Bom, quando você comemora o natal três vezes em um ano, você é uma pessoa sortuda! Não porque ganhei presentes nessas três vezes, mas porque as pessoas que com quem compartilhei esses momentos eram maravilhosas. 

O primeiro natal foi o típico holandês, o Sinterklaas e sobre esse vocês já sabem tudo, o segundo foi uma ceia antecipada com a minha host family, visto que eu viajaria na véspera de natal. O jantar não foi chiquéééérrimo, mas só o esforço dos meus hosts de fazer daquela uma noite especial para todos nós, fez valer muito a pena e ter a companhia deles é sempre um enorme prazer para mim. O terceiro natal foi em Londres, no qual das 6 pessoas que estavam na ceia (sem contar com a minha presença), eu só conhecia uma. Eu sou daquelas que fico meio acanhada a princípio, quando não estou no meu ambiente. Porém, dessa vez nem foi preciso! E vocês já vão descobrir o porquê... Começa agora a narrativa dos dias incríveis que passei em Londres!

Cheguei dia 24 de dezembro, com o nariz grudado na janela do avião, tentando ver alguma coisa, qualquer coisa que me fizesse ter aquele clique interno: "você está em Londres!", mas a novidade era tamanha, que assim como em Paris, eu não consegui digerir essa informação instantaneamente. Logo, só me restava ir pra casa do Cristiano, que é o namorado da Mirna (que também é aupair aqui na Holanda), e  que estava nos hospedando.

O natal em Londres foi simples, ninguém se arrumou muito (a não ser a Ana, tia do Cristiano), mas foi perfeito daquele jeito. Eu me senti extremamente bem recebida por todos e nunca pensei que só por passar um natal conversando em português e comendo pão de queijo, eu me sentiria tão feliz! Aquela família brasileira, com cidadania portuguesa e que mora em Londres, me recebeu de braços abertos, sem nunca ter me visto antes e me fez sentir acolhida e em casa no Natal. Eu só tenho a agradecer por isso... Eles com certeza fizeram Londres um local mais especial ainda para mim.

Natal em Londres - Dez/13

Por incrível que pareça, aquela cidade grande e cheia de gente (principalmente turistas nessa época do ano), para no dia 25 de dezembro! Quase nada funciona lá, o que não me deixou muitas opções de lazer... Então, lá fomos nós, num frio de matar, levar o Santiago (priminho lindinho do Cristiano) para brincar no Queen's Park. O único lugar mais acessível naquelas circunstâncias. O resto do dia foi regado à pão de queijo da Ana (delícia!!!) e partidas de Imagem e Ação (arrasamos Mirna!!).

No entanto, 'ação' mesmo começou no dia 26... E que desafio! Se no dia 25 você não encontra quase ninguém nas ruas, no dia 26 você MAL CONSEGUE ANDAR! Nesse dia, zilhões de lojas em Londres fazem uma liquidação pós-natal, resultado: um número absurdo de pessoas nas ruas, fazendo filas nas portas das lojas, esbarrando em você com várias sacolas e te impedindo de turistar direito. Mas Londres, foi o meu sonho por tanto tempo, que nem que eu precisasse 'aparatar' e desaparatar' (alô, alô fãs de Harry Potter!) para me locomover, eu o faria! 

O dia 27 foi recheado de turismo também e eu poderia até falar sobre cada um dos pontos que visitei, mas prefiro falar sobre os sentimentos que tive nesses momentos. A feliz emoção (e o chiliquito nervoso) que eu tive quando vislumbrei o Big Ben pela primeira vez na Trafalgar Square, a surpresa de virar uma esquina e me dar de cara com ele, enorme, imponente e todo dourado a minha frente. Nesse momento, eu juro, o coração pula uma batida. A esperança de esquadrinhar com o olhar cada uma das janelas do Palácio de Buckingham e ver algum movimento da família real lá dentro... O aperto na garganta, o sorriso bobo no rosto e nostalgia que te preenche até o dedinho mindinho do pé, quando você vê a Plataforma 9 3/4 convidativa a sua frente. É atravessar a Abbey Road e rir feliz, porque parece até que a gente consegue ouvir os Beatles tocando Here Comes the Sun dentro do coração da gente.

Assim como o clima de Londres muda num piscar de olhos, de ensolarado para chuvoso e vice-versa, o meu estado de espírito também mudava num piscar de olhos. Eu ia de feliz para encantada e empolgada para abismada com tamanha beleza. 

Em poucas horas eu senti em Londres o que nunca senti por Paris e o que demorou dois meses para que eu sentisse por Amsterdam: vontade de morar para sempre naquele lugar. E vamos combinar... Quando você cria expectativas tão grandes sobre algo, a tendência é a decepção... Porque geralmente, nada é tão bom como na sua mente, mas Londres foi a exceção a essa regra... Londres foi tudo o que eu imaginei e muito mais. Londres era andar por cada rua e me sentir dentro das histórias de Harry Potter. Fosse na Millennium Bridge ou numa rua qualquer, com casinhas iguais que se ladeavam e me lembravam a Rua dos Alfeneiros...

Eu não acho que algum dia vou ter palavras para descrever a felicidade do sonho realizado em Londres. Acho que vou ter que voltar lá para ver se terei mais sorte explicando da próxima vez... Certamente, isso não vai um sacrifício, porque quanto mais Londres para mim, melhor! 

Londres - Dez/13

read more»
7 comentários